O Núcleo de Formação Musical de Pindoretama é formado pela Escola de Música e pela Orquestra de Sopros do município cearense. Através dele, alunos se profissionalizaram e um se tornou maestro
A história do Núcleo de Formação Musical de Pindoretama, criado pela Associação dos Amigos da Arte (AAMARTE), nos remete ao final do século passado. O ano era 1999 e o desejo de ensinar música às crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade daquele município era latente e promissor, já que a cidade não oferecia os acordes necessários para despertar o interesse daqueles jovens, hoje profissionais e estudantes da música.
“Decidi fazer isso porque na minha adolescência eu tive a oportunidade de tocar saxofone em um projeto social de Fortaleza, a banda de música do Colégio Piamarta. Essa experiência me tornou um músico profissional e, quando fiquei adulto, prometi que iria devolver para a vida essa mesma oportunidade que tive. Daí criei a Orquestra de Sopros de Pindoretama”, lembra Arley França, maestro da Orquestra Contemporânea Brasileira, coordenador executivo e um dos fundadores da AAMARTE.
Ao longo de 22 anos de um trajeto cheio de tons, sons e muito aprendizado, além do apoio da administração municipal e de colaboradores, mais de dois mil alunos passaram pelo núcleo, que é formado pela Escola de Música e pela Orquestra de Sopros de Pindoretama. Atualmente, a orquestra conta com 50 músicos e a escola com 250 alunos. Por conta da pandemia, as aulas e ensaios, que aconteciam na sede da AAMARTE, estão sendo realizadas de forma online. Durante esse período, os alunos estão com acesso aos instrumentos em casa, como forma de facilitar e garantir uma melhor qualidade dos estudos.
Antes de ingressar na orquestra, as crianças e adolescentes participam de aulas - ministradas por uma equipe de cinco professores multidisciplinares -, para só depois poder tocar um instrumento. “Depois dessa fase de iniciação musical e já com o instrumento é que alguns jovens são selecionados para compor o grupo principal da orquestra, que é aquele que faz ensaios e apresentações”, explica o maestro. A orquestra já fez turnê internacional na Alemanha (2002, 2006 e 2014) e na Noruega (2010), outro motivo que levou Arley a fincar e prospectar no município a possibilidade do projeto musical. E deu certo!
As aulas de iniciação musical são direcionadas para as crianças de 8 a 10 anos. A partir dessa idade, os beneficiários podem escolher tocar flauta doce, ukulele (instrumento musical havaiano) e participar do canto/coral. Os maiores de 12 anos já escolhem os instrumentos de sopro (flauta, clarineta, saxofone, trompete, trombone, tuba, trompa) e também de percussão (bateria, percussão sinfônica), além de instrumentos de cordas friccionadas, como violino, violoncelo, viola e contrabaixo. “O percurso formativo da orquestra dura cerca de cinco anos e, ao final desse período, o estudante de música sai tocando o seu instrumento com um nível semelhante ao de um músico profissional”, diz Arley França.
A Orquestra de Sopros de Pindoretama conta com o patrocínio da ENEL e apoio da Secretaria da Cultura do Ceará através do mecenato estadual.